terça-feira, dezembro 08, 2009

Do PSD e do país

Uma vitória nas eleições europeias, menos 16 deputados que o PS nas eleições legislativas (com menos dois milhões de euros gastos na campanha) e vitória nas eleições autárquicas. Foi isto que aconteceu ao PSD em 2009. De que crise se fala quando o tema é o PSD ? Dos empregados do partido que quando este não está no poder ficam desocupados e da intriga jornalística que apenas ecoa sabotagem interna. Do que não se fala (não se dá nome) é da ofensiva New Age de alguns que querem com a etiqueta PSD ocupar o poder.
O pretexto dos resultados eleitorais para atribuir ao PSD uma crise não serve. Para quando uma interpretação objectiva do voto? Porque não dizer que só um Portugal ultimamente pobre e cada vez mais desigual justifica que em catorze anos o PS tenha governado onze. Porque não dizer que o PS queima a iniciativa individual e pendura muitos na dependência do Estado? Assim, percebe-se melhor o voto, percebe-se bem a inteligência do poder em manter o poder. Na economia, Portugal vai sempre crescer na sombra dos outros, a reboque do crescimento da União, não é novo. O que devia melhorar é a capacidade de amortecer os efeitos negativos quando a economia global arrefece. Mas isso falha e tenta-se pouco saber porquê. Tem sido sempre pior em Portugal. Onze anos de socialismo não conseguiram inverter esta tendência.
É certo que ao PSD não bastou alertar o país para um caminho pouco claro que está a ser percorrido. Não bastou denunciar um estilo de governação que em si não é criminosa mas que ao esconder muitos dos seus negócios da esfera pública potencia a corrupção. Mas eleger menos 16 deputados que o PS não pode significar que o esforço não é válido. Não pode significar que não há outro caminho. Substituir uma capacidade de falar verdade ao país por um PSD ligeiro, sem memória do que ainda é, só vai adiar a ressaca. A do dia em que terminar o Portugal fantasia que Sócrates imaginou.