terça-feira, março 16, 2010

As partilhas do ouro

" A República, a Ditadura e a democracia 'europeia' de hoje aumentaram, não diminuíram, o peso do Estado sobre a sociedade. Com uma diferença. Em 1834, a esmagadora maioria da população vivia da agricultura, o que lhe dava por natureza uma certa autonomia. A presença do estado do Estado era sentida nas cidades e em algumas vilas particularmente importantes. Excepto pelo imposto, pelo recrutamento militar e, de longe em longe, pela justiça, não era sentida no país rural. Quando o grosso da população se transferiu para a 'indústria' e os 'serviços', mesmo essa forma acidental de liberdade acabou."

in A Revolução Liberal (1834-1836), Os Devoristas, Vasco Pulido Valente.





























O regime não mudou, depois da Monarquia a República, depois da Ditadura a Democracia, mas o regime não mudou. Em Portugal muito continuou como sempre, o Estado visitou o notário e oficializou a genealogia, o apelido passou a Estado-Empresa. E a empresa tem de dar emprego, tem de fidelizar os clientes dando-lhes vantagens. Á saída da loja em vez do volte sempre sussurra um "vote sempre". Dê-me o seu voto e vai ver que para a próxima tudo correrá melhor.
- Ah, e não se esqueça! O segredo é a alma do negócio.
Mas a empresa tornou-se amadora, perdeu critério na admissão de sócios e começou a pagar balúrdios aos seus funcionários. Ao mesmo tempo, a ignorância (amadorismo) dos seus gestores não foi tida em conta pelos principais acionistas e os relatórios de  contas passaram a actos de fé. Por Lisboa a coisa começou a espalhar-se e ao mesmo tempo ( de repente para uma maioria) percebeu-se que o País começava a dar sinais da desorçamentação e que a empresa não se ia aguentar. Mas as partilhas já tinham começado há muito. 
(escrito há algumas semanas)